Encontro com Thini-á, membro da nação Fulni-ô

Dia 15 de junho, sábado, às 14h.

Indicação etária: livre
Duração: 120 minutos

Ingressos: Contribuição Voluntária
O valor será inteiramente revertido para a nação Fulni-ô

Durante sua apresentação Thini-á fala de seu povo e sua origem, de sua língua (Yathê), e do significado dos nomes, abordando como se dá a educação no dia-a-dia dos Fulni-ô, a importância dos mais velhos no processo educacional, o respeito às crenças e valores de seu povo. Executa cantos e danças ritualísticas, durante as quais interage com os espectadores levando todos a participarem de uma forma alegre e descontraída.

Através de narrações explica a hierarquia social e a influência dos clãs nas diversas atividades de seu grupo, na manutenção da ordem e do equilíbrio de seu povo, exemplificando como funciona a psicologia nativa, levando a todos a refletirem sobre a importância do trinômio individualidade-grupo-sociedade.

Ao conversar sobre a importância do respeito à natureza, do intercâmbio entre o homem e seu habitat e a responsabilidade de todos frente ao futuro, fala também sobre os valores das sociedades branca e nativa, o que existe em comum e as diferenças mais importantes entre elas, respondendo a perguntas que porventura surjam, convidando a todos para reflexões sobre os contrastes existentes entre as culturas.

Como conseqüência de seu trabalho, os espectadores são acrescidos em seus conhecimentos, o que contribui para desmistificar a idéia romântica daquele índio que vive nu nas florestas, ao mostrar de modo simples e direto que cada tribo tem a sua língua, seus deuses e suas crenças, que o índio de hoje participa ativamente da sociedade do branco e que o tão questionado processo de aculturamento, na realidade, faz parte de um contexto muito maior que é o da globalização.

Thini-á

Nasceu às margens do Rio Ipanema, um afluente do Rio São Francisco, nas terras dos Fulni-ô, Estado de Pernambuco. Fulni-ô significa “a gente que mora junto ao rio”. São falantes da língua Yathê, tronco macro-Gê. Desde pequeno foi um índio muito irrequieto e resistente às descaracterizações culturais e invasões que sua tribo sofreu. Por isso, com o intuito de ajudar o seu povo, deslocou-se para Garanhuns (em Pernambuco), para aprender a língua portuguesa e estudar. Depois de terminar o primeiro grau, voltou para a nação Fulni-ô. Com os conhecimentos que o estudo lhe proporcionou, foi para Brasília acompanhar de perto as ações da FUNAI e do Ministério da Justiça em relação à política de demarcações de terras. Desejoso de mais conhecimento para melhor ajudar seu povo, retomou os estudos, completando o segundo grau.

Interessado, surpreso e irritado com as distorções dos meios de comunicação a respeito da problemática indígena, foi para São Paulo, com o apoio do então Ministro da Justiça, Jarbas Passarinho, para estudar na USP, no curso de Cinema, Rádio e Televisão da ECA (Escola de Comunicações e Artes), a fim de absorver as técnicas e produzir documentários sobre a realidade indígena brasileira. Estabeleceu muitos contatos ao longo de seu trabalho, se envolvendo com grupos de antropólogos, historiadores, educadores e outros que o incentivaram a divulgar as tradições e lutas indígenas de seu povo e de outros povos indígenas do país, que como os Fulni-ô, enfrentam o avanço da sociedade.

Os Fulni-ô, como muitos outros povos indígenas do Nordeste brasileiro, sofreram as transformações que são características de quem tem um longo tempo de contato com a sociedade envolvente (“branca”). Mesmo assim conseguiram, apesar deste contato imposto, preservar sua sabedoria ancestral. Até porque não existe, nem jamais existiu, povo nativo no mundo que tenha vivido em absoluto isolamento cultural.

Contudo, a opinião pública ainda está acostumada a operar com uma imagem de índio idealizada: este índio brasileiro ideal é sempre forte, alto, quase sem pêlos e vivendo em “estado natural” na selva, que é sua origem e seu destino. Thini-á, incorpora a imagem do índio na cidade, funcionando como um mensageiro entre os anseios e curiosidades do seu povo (que também quer saber um pouco mais sobre a cultura do “branco”) e a necessidade de informação do povo da cidade sobre a sabedoria dos povos nativos em nosso planeta Terra.

Atualmente, vice-presidente do conselho de saude do povo Fulniô, e preocupado com o distanciamento dos povos indígenas quanto a fidelidade aos povos ancestrais,