Residência Artística: Raquel Scotti Hirson (LUME) – online

O projeto de Residência Artística convida Raquel Scotti Hirson para um encontro com a Cia. Paideia, jovens do Núcleo de Vivência Teatral e o público. Com o intuito de fomentar o intercâmbio de experiências artísticas, serão realizadas duas oficinas, uma demonstração e o espetáculo “Alphonsus”.

Apesar do difícil momento pelo qual estamos todos passando, ainda é possível a arte do encontro, da troca e da experiência compartilhada. A Cia. Paideia deseja, com a continuidade deste projeto que já dura anos, manter o campo da criação vivo e pulsante.

Segue a programação:

Espetáculo “Alphonsus” – ficará disponível de 29/07 à 31/07, de quinta-feira a sábado, no canal de Youtube – Cia Paideia de Teatro

Oficina “Mímesis Corpórea e Práticas de Observação” – FECHADA para Cia. Paideia e jovens do Núcleo de Vivência Teatral. Dia 29/07, quinta-feira, das 09h30 às 16h – Via Zoom

Oficina “Mímesis Corpórea e Práticas de Observação” para jovens do Núcleo de Vivência Teatral e demais interessados. Dia 31/07, sábado das 10h30 às 13h – Via Zoom

Vagas limitadas. Inscrições no e-mail: paideiac@gmail.com

Demonstração “Quando os Subtextos são Textos” seguida de debate – Dia 31/07, sábado, às 19h. No canal de Youtube – Cia Paideia de Teatro

Toda a programação é gratuita.

Espetáculo “Alphonsus”

Alphonsus’ foi a maneira que encontrei de exprimir as recriações – experimentadas no corpo – das memórias pessoais que me conectam ao meu bisavô, o poeta simbolista mineiro, Alphonsus de Guimaraens.
Raquel Scotti Hirson

Sinopse

A atriz Raquel Scotti Hirson nasceu 50 anos após a morte de seu bisavô, o poeta simbolista mineiro Alphonsus de Guimaraens. Como seria possível encontrá-lo? Com o olhar na poesia, Raquel ampliou a curiosidade de saber quem foi este homem capaz de poetar em meio à monotonia de seus longos dias provincianos. Buscou na família e em sua infância os laços que a permitissem encontrar conexões entre poesia, vida e criação, deixando-se envolver por fantasias e concebendo um espetáculo que entende a memória como ficção. Assim nasceu o primeiro solo da atriz, que teve sua estreia em novembro de 2013 no Teatro do Sesc Campinas-SP. No início de 2014, o espetáculo – que conta com a direção de Ana Cristina Colla, também do LUME – foi apresentado no Vértice Brasil em Residência, encontro internacional de teatro realizado em Florianópolis-SC e em agosto se apresentou no FILO – Festival Internacional de Londrina – PR. Em 2015 o espetáculo passou pela sede do LUME Teatro, e também realizou apresentações no Itaú Cultural (Av. Paulista – São Paulo) e no Sesc Jundiaí-SP. Em julho e agosto de 2015 o espetáculo seguiu para o Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana-MG (terra natal de Alphonsus de Guimaraens), passando também por Belo Horizonte-MG.
Para a criação do solo, Raquel revisitou a técnica da Mímesis Corpórea – que consiste na observação de ações físicas e vocais, posteriormente transformadas em matrizes corporais para a criação de figuras, personagens – e adentrou em uma questão diferencial: a “mímesis” da palavra como possibilidade de preenchimento de espaços. “A palavra em ação pode conter todas as dimensões das conexões de imagens que detona e, ainda, as dimensões do corpo, jogando com espaço e tempo”, conta Raquel. O espetáculo conta com trilha sonora original composta pelo músico Marcelo Onofri.

Sobre Alphonsus de Guimaraens

Afonso Henriques da Costa Guimarães (Ouro Preto, 24 de julho de 1870 – Mariana, 15 de julho de 1921) era sobrinho-neto do escritor Bernardo Guimarães, pai de sua prima e primeira noiva Constança, morta aos dezessete anos, vítima de tuberculose. Colaborou para a imprensa paulistana e frequentou a Vila Kyrial, de José de Freitas Valle, onde se reuniam os jovens simbolistas. Em 1902 publicou Kyriale, sob o pseudônimo de Alphonsus de Guimaraens, projetando-se no universo literário e obtendo reconhecimento restrito, de alguns raros críticos e amigos mais próximos. Ficou conhecido como “O Solitário de Mariana” devido ao estado de isolamento em que viveu. Considerado um dos grandes nomes do simbolismo, e por vezes o mais místico dos poetas brasileiros, Alphonsus de Guimaraens tratou em seus versos de amor, morte e religiosidade. A morte de sua noiva Constança marcou profundamente sua vida e sua obra, cujos versos, melancólicos e musicais, são repletos de anjos, serafins, cores roxas e virgens mortas.
Seus versos mais famosos são os do poema “Ismália”: Quando Ismália enlouqueceu/Pôs-se na torre a sonhar…/Viu uma lua no céu/ Viu outra lua no mar/No sonho em que se perdeu/Banhou-se toda em luar…/Queria subir ao céu/Queria descer ao mar…/E, no desvario seu/Na torre pôs-se a cantar…/Estava perto do céu, Estava longe do mar…/E como um anjo pendeu/ As asas para voar…/Queria a lua do céu/Queria a lua do mar…/As asas que Deus lhe deu/ Ruflaram de par em par…/Sua alma subiu ao céu, Seu corpo desceu ao mar…

Ficha técnica

Concepção e atuação: Raquel Scotti Hirson
Direção: Ana Cristina Colla
Trilha sonora original: Marcelo Onofri
Cenografia: Anybool Crys
Figurinos: Silvana Nascimento
Desenho de Luz: Nadja Naira
Projeções: Anybool Crys e Alessandro Poeta Soave
Trilha gravada por: Marcelo Onofri (piano), Edu Guimarães (sanfona) e Maíra Rodrigues Vicentin (voz)
Orientação da Pesquisa: Suzi Frankl Sperber
Técnicos responsáveis: Daniel Salvi, Eduardo Albergaria e Francisco Barganian
Design gráfico e fotografia: Arthur Amaral
Registro audiovisual: Alessandro Soave
Apoio administrativo: Giselle Bastos
Realização: LUME Teatro

Duração: 60 min.
Indicação Etária: 12 anos

Demonstração “Quando os subtextos são textos”

Sinopse

Um encontro-demonstração para compartilhar alguns segredos. A atriz do Lume, Raquel Scotti Hirson, mostra como criou duas das cenas de seu solo ALPHONSUS (2013), combinando memória e mímesis corpórea. As memórias são de gerações que a conectam ao seu bisavô, o poeta simbolista mineiro Alphonsus de Guimaraens, morto 50 anos antes do nascimento da bisneta que, no desejo de atuar suas poesias, ramificou a mímesis corpórea, chamando-a mímesis da palavra. As palavras se transformam em movimento, os textos adquirem forma e podem ser dançados em microsensações. Completando os espaços com imaginação, a atriz encontrou o homem Alphonsus em suas fotografias, biografias, cartas, crônicas e poesias.
O resultado é uma dança de subtextos. De qualquer forma é uma observação-ação de invisibilidades, ou seja, uma busca incessante de percepção e criação de invisibilidades que se retroalimentam.

Ficha técnica

Concepção e atuação: Raquel Scotti Hirson
Coordenação técnica: Francisco Barganian
Trilha sonora original: Marcelo Onofri
Figurinos: Silvana Nascimento
Apoio administrativo: Giselle Bastos
Design gráfico e fotos: Arthur Amaral
Registro audiovisual: Alessandro Poeta Soave
Assessoria de comunicação: Marina Franco
Direção de produção: Cynthia Margareth
Produção Executiva: Juliana Kaneto
LUME – Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais – COCEN – UNICAMP
Atores-Pesquisadores e Atores-Pesquisadores Colaboradores:
Ana Cristina Colla, Carlos Simioni, Jesser de Souza, Naomi Silman, Raquel Scotti Hirson, Renato Ferracini e Ricardo Puccetti
Equipe Administrativa LUME Teatro – UNICAMP – COCEN:
Adriana Diniz, José Divino Barbosa, Luciene Teixeira Maeno, Maria Estela Rafael Góes e Regina Lucas
Equipe Técnico-Artística LUME Teatro – UNICAMP – COCEN:
Alessandro Poeta Soave e Cynthia Margareth
Equipe Técnico-Artística de Apoio e Prestação de Serviços:
Francisco Barganian, Giselle Bastos e Marina Franco

Oficina “Mímesis Corpórea e Práticas de Observação”

Com Raquel Scotti Hirson

Utilizando princípios e procedimentos do treinamento de atrizes e atores do Lume e da Mímesis Corpórea, observaremos figuras, nossos próprios ambientes e imagens criadas a partir de textos curtos. As práticas de observação transbordam para o corpo e nos instrumentalizam na criação de ações físicas e vocais.

Raquel Scotti Hirson é atriz-pesquisadora e coordenadora do LUME (Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais da UNICAMP). Doutora pelo IA da UNICAMP, com a tese “Alphonsus de Guimaraens: Reconstruções da Memória e Recriações no Corpo” e autora do livro “Tal qual apanhei do pé: uma atriz do Lume em pesquisa” (HUCITEC e FAPESP, 2006). É professora permanente do PPG Artes da Cena do IA, UNICAMP.  Atua em espetáculos em repertório do Lume, sendo o mais recente “Kintsugi, 100 memórias” (2019), dirigido pelo argentino Emilio Garcia Wehbi. Apresenta espetáculos, demonstrações técnicas e ministrou workshops em diversas cidades brasileiras e do mundo.